Observando alguns fatos recentes constatei algo estarrecedor:
– O perigo da edificação de uma denominação e não o Reino de Deus.
O sinônimo de sucesso nas denominações é possessão de riquezas, então pedem muito dinheiro aos seus fiéis com a mesma alegação: a pregação do Evangelho. Em contra partida há alguns que vão para outro extremo dizendo que em sua denominação não recolhe dízimos porque não estamos na velha aliança.
Em todos os casos vemos o que está sendo construído: uma denominação e não o Reino de Deus. A partir daí ouvimos expressões de louvor e de glória a denominação e aos seus lideres os quais são, muitas vezes, mais honrados do que Deus. Em contra-partida vemos a imprensa, de um modo geral, atacando estas denominações. Por causa disso aparecem alguns jargões que acabam sendo populares: “todo pastor é ladrão”, “vamos abrir uma igreja e ficar ricos”, “isto é exploração dos incautos”, “este povo é explorado, é roubado” e por aí a fora.
Em Angola, um País da Costa Atlântica do Continente Africano, segundo noticiou alguns jornais, há cerca de 800 denominações aguardando o reconhecimento pelo governo, isto inclui evangélicos e não evangélicos. Segundo um estudo, deste mesmo País, boa parte destas novas denominações, em sua maioria evangélica, é oriundo de cisões entre denominações já existentes e mais antigas, frutos de guerras internas de lideranças, desentendimentos entre líderes por doutrinas, etc…
No Brasil existem milhares e milhares de denominações. Em Portugal só de uma única denominação já se originaram dezenas de outras pequenas denominações. Por todo lado se fala em Missões, denominações que preparam missionários para difundirem suas denominações. Em vários lugares do mundo, grupos pequenos de missionários isolados, muitas vezes desanimados, difundindo sua denominação.
No Brasil várias denominações estão sob investigação dos órgãos públicos. Em Angola um grande ministério foi fechado pelo governo daquele país. Nos Estados Unidos vários tele-evangelistas estão sob investigação pela ostentação exacerbada de riquezas.
Então ouvimos: – Nós os fulanos de tais; – Nós os sicranos; – Nós os … istas; – Nós os … áticos; – Sou … até morrer. Ainda há mais: – Mas você não crê no evangelho da igreja tal! – Mas você não crê no evangelho pregado na minha denominação tal! – Mas você não é apostólico!
Hoje existem tantos conselhos, tantas ordens, de ministros, de pastores, de apóstolos, etc… Tantos ajuntamentos criados para tomar café, para almoçar, para congresso disso ou daquilo… E tão poucas pessoas salvas!
Que diferença da verdadeira igreja… Da Igreja Primitiva… “A Igreja que está em Corinto…”; “A Igreja que está em Éfeso…”; “A Igreja que está em Roma…”;
Em nossos dias poderia ser: “A Igreja que está em São Paulo”; “A Igreja que está em Lisboa”; “A Igreja que está em Luanda”. Que saudades da verdadeira Igreja! Que saudades do verdadeiro Evangelho! Que saudades do Reino de Deus.
Um Reino – Muitas denominações / Reino dividido – Não subsiste
Certa vez um pastor, em uma reunião em Lisboa – Portugal me perguntou: – Você sabe como começa uma nova uma nova “igreja” no Brasil? Reforçando a idéia que eu deveria saber afinal sou brasileiro de nascença. Mesmo conhecendo as igrejas brasileiras como conheço, eu não sabia exatamente como uma “igreja” nascia, não nos moldes como ele me afirmou: um terço vem com o pastor quando ele deixa sua denominação, outro terço vem de outras denominações quando sabem que uma nova denominação foi aberta, apenas o restante são aqueles que foram alcançados pela pregação do Evangelho (Novos Convertidos)
Cada denominação gasta milhões para ter um programa de TV. Alguém disse recentemente que gasta 2 milhões de Reais (cerca de 1,1 milhão de dólares) mensais em programas de TV. A maioria destes programas não prega o Evangelho para o pecador, não mostra o perigo que este corre por não querer Jesus, por não crer na obra da Cruz. A maioria destes programas fazem propaganda da denominação para os crentes de outras denominações, usando também este meio para vendas de produtos, ou para pedir dinheiro a fim de continuar os programas, outros usam para falar mal de outras denominações e de outros pastores. Só alguns parcos ministros utilizam este meio para falar de salvação aos pecadores. Em outro lugar colocaram uma faixa a frente de um salão que dizia: “Aqui o dízimo é 5%”. Este faz barganha para conseguir mais ouvintes.
Eu quero ouvir e pregar o Evangelho do Reino de Deus. O Evangelho da Cruz, a boa Palavra de Deus que é comparada a: fogo, martelo e espada. O fogo queima, o martelo despedaça e a espada penetra fundo. Todos estes causam uma dor profunda, que é exatamente a dor que o pecador deve sentir quando seu pecado é confrontado por esta Palavra Viva. Era o Evangelho pregado pelos Apóstolos Paulo, Pedro e João, pelos diáconos Estevão, Filipe. Pelos saudosos irmãos do passado: John Wesley, Jonathan Edwards, Smith Wigglesworth, Charles Finney, etc…
Será que vamos precisar de uma reforma protestante como a de Martinho Lutero?
Paulo disse aos Gálatas: Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. (Gl. 1:6-7). E aos Coríntios afirmou: A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus. (I Co. 2:4-5)
Hoje esta palavra quase não é realidade, com raras exceções. Com seminários e cursos formando “pastores” a “baciada”, os quais falam um bom português, com mensagens bem elaboradas, cheias de sabedoria e persuasão humana, faltando porem a demonstração do Espírito e a demonstração de poder.
Por faltar a marca do Autor da Vida, por faltar ousadia (At. 4:29-30), por não haver resistência a Palavra e ao Espírito (At. 6:10), por faltar o estar “cheio do Espírito Santo” parte-se para a propaganda desenfreada da denominação ou até mesmo de si mesmo (no caso dos pregadores). Seus lideres atacam tudo e todos para defenderem seus feudos.
O que fazer?
Joel 1:13,14 – Cingi-vos e lamentai-vos, sacerdotes; gemei, ministros do altar; entrai e passai, vestidos de panos de saco, durante a noite, ministros do meu Deus; porque a oferta de manjares e a libação cortadas foram da Casa de vosso Deus. Santificai um jejum, apregoai um dia de proibição, congregai os anciãos e todos os moradores desta terra, na Casa do Senhor, vosso Deus, e clamai ao Senhor.
Joel 2:12,13 – E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao Senhor, vosso Deus; porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em beneficência e se arrepende do mal. Quem sabe se se voltará, e se arrependerá, e deixará após si uma bênção, em oferta de manjar e libação para o Senhor, vosso Deus?
Então virá a fartura, virá um novo derramar do Espírito Santo. (Joel 2:28, At. 2). Um reavivamento poderoso da parte de Deus e então se cumprirá I Co. 2:9-10. Veremos a Glória do Senhor. E o homem deixará de reter a glória do Senhor e a denominação não importará mais e João 17 se tornará realidade. De todas as tribos, povos, raças, grandes e pequenos irão louvar ao Senhor por seus poderosos feitos.
Alguém até poderá dizer: – “As denominações são necessárias”. Sim, são necessárias para nos mostrar o quanto somos divididos e o quanto somos enfraquecidos diante de tantas diferenças e o quanto deixamos de ser respeitados por sermos tão denominacionais.
A Deus seja a Glória!