Diante de tantas circunstâncias e de tantos fatores esta questão vem à tona e precisa de uma resposta. Alguém se habilita a responder?
Creio na Palavra de Deus, creio no Evangelho do Reino e creio na operação e manifestação do Espírito Santo e com tudo isso creio também na unidade da igreja. Creio que hoje podemos ser tão poderosos e eficazes junto a Deus e aos homens tanto quanto nossos irmãos da igreja primitiva o foram.
O Apóstolo Paulo fez uma declaração em I Co. 2:1-5 que, em minha opinião, definiu seu ministério. Precisamos destacar algumas palavras: sublimidade de palavras, sabedoria humana e palavras persuasivas. Mas o que realmente importa destacar: Demonstração de Espírito e Poder.
Fazendo uma análise do que está acontecendo em nossos dias, vejo que, por faltar à demonstração de Espírito e Poder, muitos pregadores atuais e muitos dos que estão na mídia, usam exatamente aquilo que o Apóstolo Paulo evitou: palavras com muita sabedoria humana e uma técnica incrível de persuasão.
A manifestação dos sentimentos e das emoções, o sentimento de culpa, a histeria coletiva, os chavões muito bem aplicados, a indução a visões, etc., têm substituído a ordem, a decência, o culto com entendimento, o poder da Palavra, o poder da Oração, o poder do Espírito Santo.
Com o advento da internet uma pessoa fica famosa da noite para o dia e em pouco tempo ganha nome, suas palavras ganham peso. Vídeos postados são copiados aos milhares. Os conceitos, “visões” ou ideais são transmitidos e passam a ser considerados verdadeiros até mesmo bíblicos e começam a ser imitados. E por se criar uma legião de seguidores, dificilmente podem ser contestados.
Estive vendo algumas cenas no Youtube. Qualquer cristão com algum conhecimento da Palavra de Deus ficará chocado, com aquilo que lá está e ao qual chamam de avivamento, ou de unção ou mesmo como manifestação do Espírito Santo. Expressões tais como: avivamento extravagante, unção dos quatro seres, unção do leão, unção do cachorro, unção da galinha, etc. Algumas cenas trazem pessoas possessas de demônios e ninguém os expulsa porque pensam que é manifestação do Espírito Santo. Há outra cena de um pregador, que em meio a sua preleção, começa a se contorcer, de repente vira para traz e solicita que alguém de ordem ao anjo para parar de cutucá-lo porque ele precisa terminar sua mensagem. Em outra cena há uma mancha de luz numa tela de TV, e esta mancha é tida como aparição de um anjo de fogo. Então se ouve ao fundo alguém gritar: “Glória ao anjo de Deus”. Ora, desde quando é que anjo recebe glória ou adoração? No fim esta mancha nada mais era do que a luz do sol refletida na TV.
Há muitas criticas, algumas completamente tolas, outras são inteligentes e com razão. Mas muitos dizem que não podemos julgar porque afinal a obra é de Deus, assim sendo Ele que acabe com o que não estiver certo. Mas será que isso é assim?
Vejamos o que diz I João 4:1 – Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. No v.2 encontramos – todo Espírito que confessa que Jesus veio em carne é de Deus. Então supostamente não podemos julgar como alguns dizem. Mas vejamos um contraponto: A igreja Católica se modernizou e hoje lê a Bíblia, canta nossas músicas, fala de Jesus Cristo como Filho de Deus, fala do Espírito Santo. Então a Igreja Católica está correta?
Vejamos duas advertências que o Apóstolo Paulo nos deu em I Tm. 4:1 – Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios e II Co. 11:4 – Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis.
Então podemos depreender que é necessário um cuidado extremo nas coisas espirituais para que não venhamos a cair no erro. Sabemos que onde o Espírito de Deus está há liberdade (II Co. 3:17), porém em I Co. 14 recebemos algumas regras que devem ser seguidas no que diz respeito às coisas do Espírito:
– v. 32 – o espírito do profeta está sujeito ao profeta
– v. 33 – Deus não é de confusão
– v. 40 – tudo seja feito com ordem e com decência
Quando houve o derramamento do Espírito Santo (At. 2), alguns dos que estavam do lado de fora e que ouviram o som das vozes que vinha de dentro do local onde estavam reunidos disseram que eles estavam embriagados, mas disseram isto por zombaria. Outros porem estavam atônitos. O certo é que a obra do Espírito Santo não trouxe confusão, pelo contrário, trouxe salvação a quase 3.000 almas. E foi o início de algo poderoso que chega até os nossos dias e perdurará até a vinda de Cristo. Aliás, nunca vimos, na Palavra de Deus, algo semelhante ao que está acontecendo em muitos lugares, como pessoas urrando, outras andando de quatro, outras ainda esperneando; em momento algum os apóstolos ou os discípulos ficaram como “loucos”. Havia sempre controle total.
Volto à pergunta inicial: – Para onde iremos como Igreja?
Se nada fosse feito e se não houvesse profetas certamente a Igreja deixaria de existir. A heresia e a apostasia iriam reinar absolutas e certamente não haveria mais salvação para as pessoas. Mas Deus não se deixa vencer e Ele tem um grande exército que não dobrou os seus joelhos a “Baal”.
Dentro desse grande exército Deus levantou, preparou e treinou profetas: dando-lhes visão, sabedoria, conhecimento. Homens que conhecem o seu Deus e que não se corromperam nem se corromperão porque estão comprometidos com o Reino e que estão trazendo a Palavra, nadando contra a maré ou conta a correnteza. Homens que conheceram o que é ter sucesso, fama, até mesmo dinheiro, mas nada disso teve ou tem a menor importância, não se deixaram vender por essas coisas. Estes homens afligem sua alma pelo Estado Geral da Igreja e clamam dia e noite por um avivamento. Avivamento genuíno, não extravagante, nem comercial ou de seminários, convenções e congressos. Mas um avivamento que vem da parte de Deus trazendo santidade, pureza de coração, fazendo com que nos tornemos irrepreensíveis e inculpáveis no meio de uma geração corrompida e perversa. Trazendo um mover onde o Louvor e a Adoração são feitos com reverencia, com temor, com doçura e não com um misto de sensualidade e de paixão desenfreada. Onde os que ministram não buscam a glória pessoal, nem sequer cobram cachês altíssimos para pregar (leia-se: dar algumas palavras que inflam o ego dos ouvintes). Onde o indouto ou descrente possa entrar e dar o amém e sair edificado e não escandalizado.
O Estado Geral da Igreja é preocupante, chega a estar na UTI, mas há solução.
A Ele seja a Glória!