Atos 17 e I Coríntios 2
Não há evangelho sem Cristo, porque o evangelho é Cristo e Paulo percebeu isso. Algo aconteceu em Atenas que perturbou demais o Apóstolo Paulo e apesar de ter algum resultado naquela cidade não foi o suficiente para o segurar lá.
Em Tessalônica, Paulo explicou e provou que o Messias precisava sofrer e que, depois de morrer, tinha de ressuscitar, mostrando, por fim, que Jesus era o Messias. Como resultado dos seus esforços, Paulo e Silas, conseguiram convencer alguns judeus da sinagoga, as quais se juntaram a eles, além disso, um grande número de não judeus convertidos ao Judaísmo e muitas senhoras da alta sociedade também se juntaram ao grupo. Depois, em Beréia, encontrou um grupo de pessoas bem-educadas, as quais ouviam a mensagem com muito interesse e todos os dias estudavam as Escrituras Sagradas para saber se o que Paulo dizia era mesmo verdade. Tendo o mesmo resultado anterior: muitos judeus naquela cidade creram, e também não judeus, tanto mulheres da alta sociedade como também muitos homens. Como sempre, houve invejosos que causaram distúrbios nas duas cidades e por isso Paulo seguiu para Atenas (berço da filosofia), também na Grécia. Ali, algo inusitado aconteceu com Paulo e isso o perturbou muito.
Enquanto estava esperando Silas e Timóteo, Paulo ficou revoltado ao ver a cidade tão cheia de ídolos, ele ia para a sinagoga e ali falava com os judeus e com os não judeus convertidos ao Judaísmo. E todos os dias, na praça pública, ele falava com as pessoas que se encontravam ali: alguns professores epicureus e alguns estoicos, os quais discutiam com ele.
Quem são os epicureus? Seguidores do filósofo grego Epicuro, que morreu em 270 antes de Cristo. Epicuro ensinava que o maior bem da vida é a felicidade, entendida como a libertação do sofrimento e do medo.
Quem são os estoicos? Seguidores do filósofo grego Zenon, que morreu em 265 antes de Cristo. Zenon ensinava que o mais alto objetivo do ser humano é viver de acordo com a sua razão e praticar a virtude, que consiste em dominar as paixões, em não sentir-se atraído pelo prazer e em não se deixar vencer pelo sofrimento.
É interessante, porque, o passatempo predileto dos moradores daquela cidade e os estrangeiros que viviam ali era passar o tempo contando e ouvindo as últimas novidades. Assim sendo queriam saber que novidade era essa que Paulo trazia. Cabe ressaltar que Paulo, até então, estava anunciando Jesus e a ressurreição. Mas, se observarmos bem as palavras de Paulo, algo mudou. Diante do interesse daqueles filósofos, os quais o levaram para um auditório municipal, Paulo fez um lindo discurso cheio de palavras e de conhecimento humano, citando poetas, como no versículo 28, tais como Epimênides e Arato, mas, não anunciou a Cristo e este crucificado. O Resultado foi que alguns juntaram-se a ele e creram.
Nas duas cidades anteriores conseguiram convencer algumas daquelas pessoas (judias), as quais se juntaram a eles, além disso, um grande número de não judeus convertidos ao Judaísmo e muitas senhoras da alta sociedade também se juntaram ao grupo, porem em Atenas o Dr. Paulo, não o apóstolo, conseguiu que alguns se ajuntassem a ele e cressem.
Sim, o Dr. Paulo discursou em Atenas, o homem cheio de conhecimento, de ciência, de sabedoria humana pronunciou algumas palavras eloquentes sobre o Deus desconhecido, uma das divindades adoradas pelos gregos, mas não anunciou a Cristo, Senhor dos senhores, Rei dos reis, Aquele que morreu e ressuscitou, e quando tentou falar da ressurreição foi rejeitado e encerram o seu discurso, dizendo que numa outra oportunidade lhe ouviriam, perdeu o momento, perdeu a atenção, perdeu a novidade para aqueles homens, Paulo se deixou levar pela filosofia e pela ciência deles. A frustração de Paulo foi tanta que ele não esperou pela outra vez e embarcou para Corinto.
Em sua epístola aos Corintos, anos depois, Paulo lembra como foi que chegou a eles: consciente da sua fraqueza; cauteloso e com receio, sem palavras caras nem sábias, pois tinha decidido que falaria apenas de Jesus Cristo e da sua morte na cruz. A sua pregação (e não discurso) foi muito simples; sem retórica nem sabedoria humana, mas o poder do Espírito Santo atuava, provando que a mensagem era de Deus, para que a fé deles fosse apoiada no poder de Deus e não em sabedoria meramente humana. Paulo tinha experimentado o fracasso em Atenas, viu a possibilidade do velho homem, cheio de conhecimento humano, ressuscitar, e isso lhe causou pavor.
Nós gostamos de complicar o que é simples, procuramos usar a máxima “podendo complicar para que melhorar”. Isaías protestou: “Ora, todos nós estamos na mesma condição do impuro! Todos os nossos atos de justiça se tornaram como trapos de imundícia. Perdemos o viço e murchamos como folhas que morrem, e como o vento as nossas próprias iniquidades nos empurram para longe”. (Isaías 64:6). Perdemos a vida, a essência, a unção do Evangelho e queremos nos firmar na nossa sabedoria, em nosso conhecimento, usamos muitas técnicas de convencimento e persuasão, mas mesmo assim, apenas alguns poucos creem.
É uma pena que nossos pregadores não sintam o mesmo que Paulo sentiu, afinal vemos tantas pregações cheias de filosofia, baseadas em princípios da psicologia, com inúmeras citações poéticas, diversas táticas que podem estimular ou relaxar, usando a ciência para provar a existência de Deus, com o sistema de coach (auto ajuda) para convencimento. Nossos pregadores conseguem amenizar o pecado, fazendo com que o pecador não sinta qualquer ofensa. Conseguem perdoar o que Deus não perdoa, atenuam o que Deus não consente, fazem aberturas naquilo que Deus encerrou através de Sua palavra. Nossos pregadores esqueceram que o Evangelho é Cristo e sua morte na cruz.
Temos tantos doutores e mestres, abundam matérias cientificas nos seminários, a Palavra é interpretada através da ciência. Estamos à mercê de catedráticos que nos dirão se a Palavra é assim ou não, se podemos interpretar desse ou daquele jeito. Uma corrente de pensadores diz que é pecado, mas outra corrente acredita que não. Assim sendo, devemos usar a máxima do direito: “in dubio pro reo” (é um princípio fundamental em direito penal que prevê o benefício da dúvida em favor do réu, isto é, em caso de dúvida razoável quanto à culpabilidade do acusado, nasce em favor deste, a presunção de inocência, uma vez que a culpa penal deve restar plenamente comprovada.)
Milhares de sermões bonitos, refinados, caros, nascem a cada final de semana nas milhares de denominações e congregações espalhadas no pais, a maioria sem Cristo e sem Sua morte na cruz. Dentro dessas milhares de denominações e congregações estamos enfrentando problemas com divórcios, promiscuidade, drogas, depressão e pasmem, até suicídios de “pastores”. Ainda temos rebeliões; filhos que atacam seus pais, covardemente, pela liderança dessas denominações; baixa audiência na semana; em outras, excesso de atividades; e por ai afora. O resultado é que apenas alguns creem. Há um excesso de rotatividade entre os crentes, que visitam ou se mudam para outras denominações, mas há poucas salvações, poucas transformações reais de vida.
Como há muitos shows, luzes, pirotecnias, além de promessas fúteis de milagres e enriquecimento existem muitas megas denominações, mas isso não significa que exista megas Igrejas, infelizmente, muitas são seitas com a placa de igreja tal, ou igreja qual.
O Profeta Jeremias fez a seguinte declaração em nome do Senhor: “Ponde-vos nos caminhos, e vede, e perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; e achareis descanso para a vossa alma” (Jeremias 6:16). Assim, nós também, devemos perguntar pelas veredas antigas, pelo bom caminho e andarmos nele, nosso povo está sem descanso, nunca tivemos uma geração tão estressada quanto essa, por todos os lados há cobranças de resultados e da mesma forma o povo tem respondido: “não andaremos”. Temos uma geração teimosa, cheia de opiniões, corroboradas por falsos mestres e doutores, exatamente como o Apostolo Paulo afirmou ao jovem Timóteo: “Porquanto, chegará o tempo em que não suportarão o santo ensino; ao contrário, sentindo coceira nos ouvidos, reunirão mestres para si mesmos, de acordo com suas próprias vontades. Tais pessoas se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos.” (2Timóteo 4:3-4). Estamos vivendo esse tempo, há mestres para qualquer preço, basta pagar ou dar alguns cliques que eles terão falsos ensinamentos para se adequar ao gosto do cliente. Hoje o pecador consegue os tais mestres para “provarem” que o seu pecado não é tão grave assim, afinal de contas quem não tem pecado que atire a primeira pedra.
O Apostolo Paulo era um estudioso, conhecia profundamente as Escrituras, além do que outrora por ser quem era precisava ter conhecimento de tudo o que o cercava, além de ser conhecedor das letras, mas isso não era o fundamental em sua vida desde que conheceu a Cristo. Estudar é bom, ter educação e cultura é fundamental, mas isso não pode ser a tônica principal na vida de um pregador. Não podemos basear nossa mensagem na ciência, na tentativa de convencer os homens.
Pedro e João nos mostraram isso quando os membros do Conselho Superior ficaram admirados com a coragem deles, afinal sabiam que eram homens simples e sem instrução, mas reconheceram que eles tinham sido companheiros de Jesus. (Atos 4:13). Ai é que está a grande diferença. Pedro e Joao eram simples e sem instrução, mas foram ousados e corajosos ao mostrarem Jesus, o Cristo. Podemos ter instrução como Paulo, mas é importante sabermos que a instrução sem Cristo não serve para o Evangelho, e Paulo sentiu isso em Atenas, mas em Corinto Paulo era o homem com instrução, mas simples, e cheio de Cristo.
Muitas palavras persuasivas, ostentação do saber, sabedoria humana e pouco ou nada do poder de Deus. Há muita técnica aprendida em seminários, congressos, workshops, mas é preocupante porque apenas alguns, poucos, creem. Estamos cheios de pregadores sem Cristo por toda a parte e por isso temos tantos problemas, tanta gente frustrada, cansada, atribulada, depressiva. Há muitos pregadores empreendendo esforço próprio, indo por seus braços e músculos, literalmente levando as costas o povo, esses estão cheios de conhecimento e de ciência, buscam diplomas, mestrados, doutorados, mas estão vazios de Cristo e o povo está à míngua, apenas alguns, poucos, creem.
Quanto a mim eu decidi viver de acordo com as veredas antigas, tal e qual Paulo fez, de acordo com sua declaração ao Coríntios: “E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.” (1 Coríntios 2:1-5)
A eficácia desse Evangelho e desse modo de viver pode ser medida da seguinte maneira: “Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com ousadia, anunciavam a palavra de Deus. Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça.” Atos 4:31,33