“Nem a universidade, nem o seminário teológico, nem o presbitério, nem o bispo, pode criar um pastor, um mestre ou um evangelista. Somente o Cristo glorificado é que pode fazê-lo.” Dr. W. G. Moorehead
Nós precisamos entender que recebemos de Deus um dom, que é a capacidade ou talento que o Espírito Santo concede para uso no serviço de Deus em favor dos outros. (I Coríntios 12:1-11; Efésios 4:8; Hebreus 2:4; I Pedro 4:10-11).
Hoje não pode ser diferente, o homem que quiser ser poderoso no púlpito, com os homens, precisará primeiro ser poderoso de joelhos, diante de Deus. Evangelho sem Cristo e sem o Poder de Deus é mera retórica, utopia, dificilmente explicável, necessitado de persuasão e convencimento humano. Evangelho sem Cristo é mera imitação de condutas, regras, sistemas, modelos, visões. Educação, cultura, conhecimento faz bem ao pregador. É seu dever estudar as escrituras e ter um profundo conhecimento delas, analisar, comparar, para ser um imitador de Jesus Cristo.
“Se o Espírito estiver faltando, poderá haver palavras sábias, porém, sem a sabedoria de Deus, poderá haver o poder da oratória, mas não o poder de Deus; a argumentação que procura demonstrar é a lógica da escolástica, nunca, porém, a demonstração do Espírito Santo, nem a lógica irresistível como a que convenceu Paulo à porta da cidade de Damasco. Ao ser derramado o Espírito, os discípulos foram revestidos com o poder do alto, e as línguas menos doutas podiam fazer calar os mais céticos, removendo os maiores obstáculos, do mesmo modo que as matas seculares são arrasadas pelas chamas levadas pelos ventos impetuosos.” Artur T. Pierson:
Estava pensando nesta expressão de Festo à Paulo, quando da sua defesa diante dele e do Rei Agripa, a qual, numa tradução mais moderna, afirma que estudou tanto, que acabou perdendo o juízo. O que não se aplicava a Paulo na prática, se aplica a muita gente que está delirando nos púlpitos reais e virtuais da vida. E na procura de conhecimento, cultura, educação vai se deparar com muitos delírios, divagações, presunções e estultícias que são apresentadas como verdades irrefutáveis e inegáveis.
Há muitos alertas nas escrituras sobre esses delirantes, que desejam distorcer o evangelho com suas vãs filosofias e interpretações, conforme Paulo advertiu aos Colossenses (2:8), e ao jovem pregador Timóteo que esse terrível tempo iria chegar (II Timóteo 4:3-4) em que as pessoas não dariam atenção ao verdadeiro ensinamento, deixariam de ouvir a verdade, seguiriam os seus próprios desejos, arranjariam para si mesmas uma porção de mestres para dizer-lhes o que querem ouvir, e dariam atenção à historias inventadas. Esses muitos mestres que Paulo denunciou estão por ai, e essa geração de pregadores tão cheia de conhecimento e estudo, muitas letras, dominadores do grego e hebraico, preparados na arte da homilética, versados na hermenêutica, peritos na exegética, conhecedores da psicologia, mestres em didática e metodologia do ensino religioso, obcecados por conhecimento literal preferem seguir esses mestres que deliram nas muitas letras, que tentam interpretar o que já é conhecido, e querem revelar o que está encoberto, muitas vezes tentando tomar a primazia de Deus que já revelou o que era necessário revelar e deixou encoberto o que era para ficar (Deuteronômio 29:29). Diferentemente de Paulo, que tinha plena convicção do que falava e não estava delirando ou louco, não são conhecedores de Deus e do Seu poder, nem tão pouco conhecedores do Cristo crucificado ou de Sua obra na cruz. Muito diferentes de Oseias que precisava muito conhecer o Senhor! Que se esforçava para conhecê-lo (Oséias 6:3).
Judas, apóstolo e irmão de Jesus Cristo, também denunciou esses homens (Judas 1:11-13), pois, já naquela época, homens que não temem a Deus tinham entrado no meio da nossa gente sem serem notados, torcendo a mensagem a respeito da graça do nosso Deus a fim de arranjar uma desculpa para a sua vida imoral e também rejeitando a Jesus Cristo, o nosso único Mestre e Senhor, porém as Escrituras Sagradas já tinham anunciado, a muito tempo, a condenação que eles já receberam. O Apóstolo Pedro fez o mesmo sobre esses delirantes mestres (II Pedro 2:1-3): No passado apareceram falsos profetas no meio do povo, e assim também vão aparecer falsos mestres entre vocês. Eles ensinarão doutrinas destruidoras e falsas e rejeitarão o Mestre que os salvou. E isso fará com que caia sobre eles uma rápida destruição. Mesmo assim, muita gente vai imitar a vida imoral deles, e por causa desses falsos mestres muitas pessoas vão falar mal do Caminho da verdade. Em sua ambição pelo dinheiro, esses falsos mestres vão explorar vocês, contando histórias inventadas. Mas faz muito tempo que o Juiz está alerta, e o Destruidor deles está bem acordado. E até importa que haja entre nós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre nós (I Coríntios 11:19)
Quando olhamos para o panorama da Igreja Primitiva, segundo o livro de Atos, quais as características comuns que encontramos nos discípulos, diáconos, apóstolos e anciãos?
- Todos eles se reuniam em oração
- Perseveravam na doutrina dos apóstolos
- Perseveravam na comunhão
- Perseveravam no partir do pão
- Perseveravam nas orações
- Permaneciam cheios do Espirito Santo
- Era um coração e a alma da multidão dos que criam
- Ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria
- Repartiam uns com os outros e não haviam necessitados
- Em todos eles havia abundante graça
- Muitos sinais e prodígios eram feitos pelas mãos dos apóstolos
- E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a Jesus Cristo.
- Diáconos tinham boa reputação, eram cheios do Espírito Santo e de sabedoria
- Os apóstolos perseveravam na oração e no ministério da palavra
- Anunciavam com ousadia a palavra de Deus
“A pregação apostólica não se caracteriza por uma fala impecável, nem por floreados literários, nem por expressões inteligentes, mas opera através de demonstração do Espírito e de poder”. Arthur Wallis
A sinceridade estava na vida de Pedro e João que pregaram com tanta ousadia que ficou claro aos seus acusadores que eles haviam estado com Jesus, e o que chamou a atenção daqueles membros do conselho foi que Pedro e João eram iletrados e indoutos, tinham pouca instrução, porem eles estiveram com Jesus e isso era o mais importante. Em compensação temos tantos homens letrados, cultos que pregam com tanta sabedoria, palavras caras, mas falta a esses homens o estar com Jesus e por conseguinte a ousadia que é característica. (Atos 4:24-31) Ao saírem daquele lugar, Pedro e João se reuniram à Igreja e oraram ao Senhor apresentando as ameaças que sofreram, pedindo que o Senhor concedesse aos eles que falassem com toda a ousadia a Palavra, ao mesmo tempo que Senhor estenderia a mão para curar e fazer sinais e prodígios pelo nome de Jesus. O resultado da oração foi que o lugar em que estavam reunidos se moveu e todos foram cheios do Espírito Santo, saíram dali anunciando com ousadia a palavra de Deus. As orações de hoje não movem sequer as luminárias, quanto mais o lugar em que se reúnem. Igreja ou Pastor mais ocupados com ação do que com oração é uma igreja ou pastor sem unção
Esta geração imersa em pecado, enlouquecida mediante a levedura da corrupção satânica, necessita desesperadamente de homens de paixão, de preparação, de unção divina e de sacrifício, nos púlpitos das nossas igrejas. Eis algumas das condições para um poderoso ministério de púlpito:
- Qualidades pessoais: há de ser um homem de pureza, há de ser um homem de oração, há de ser um homem de estudo da Bíblia, há de ser um homem de zelo, há de ser um homem em íntimo contato com Deus
- Qualidades ministeriais: há de ser um homem apaixonado, há de ser um homem preparado, há de ser um homem de poder, ungido com o Espírito Santo, há de ser um homem de sacrifício.
“Todo declínio espiritual começa com a negligência da oração. Nenhum coração pode desenvolver-se bem sem muita comunhão íntima com Deus; não existe nada que possa compensar a falta dela”. Berridge
Qual a escola que João Batista frequentou? No entanto ele foi enviado por Deus, moldado por Deus, cheio de Deus, incendiado por Deus.
Roberto L. Summer analisou a situação da igreja e descobriu que a chave de uma igreja inflamada: “o homem de Deus”. “Mas qual é a causa da quase universal frieza e falta de poder nas nossas igrejas de hoje? A resposta, está na frieza e esterilidade da média dos pastores e evangelistas. O Dr. Porter afirma que, nos casos em que têm fracassado os esforços visando o avivamento, “o maior obstáculo foi o ministro”. Um ministério inflamado gera uma igreja inflamada, da mesma maneira um ministro de coração frio gera uma congregação regelada. Não é necessário que tenha talento, que seja uma capacidade, que seja dotado de personalidade excepcional ou língua fluente, pois nesses setores Deus pode mais do que suprir as deficiências, porém o homem que Deus usa há de ser puro (Santidade). Cada vez que o pregador se levanta para proclamar as riquezas insondáveis de Cristo, existe forte possibilidade de que irá entregar a mensagem de Deus a alguma alma pela última vez aquém da eternidade. Como precisa ter a certeza de ser o homem de Deus com a mensagem de Deus! E isso será determinado em parte pela vida que ele vive.”
Dr. Watts também procurou inculcar essa verdade na vida de outros ministros de Deus: “Vá ao culto público determinado a impressionar e persuadir algumas almas a que se arrependam e se salvem. Vá a fim de abrir os olhos cegos e ouvidos surdos, fazer os aleijados andarem, transformar os insensatos em sábios, ressuscitar os mortos em delitos e transgressões, para que vivam uma vida divina, celestial e levar rebeldes culpados a retornarem ao amor e a obediência do criador por meio de Jesus Cristo, o grande reconciliador, a fim de que sejam perdoados e salvos. Vá a fim de exalar o perfume de Cristo e do seu evangelho perante toda a assembleia e atrair as almas para que participem de sua graça e glória.”
“O evangelho é um fato, portanto, vamos expô-lo com simplicidade. O evangelho é alegre; portanto, vamos falar dele com alegria. Ele nos foi confiado; portanto, vamos expô-lo com fidelidade. É a manifestação de um momento infinito; portanto, vamos expô-lo fervorosamente. Fala de um infinito amor; portanto, vamos expô-lo com sentimento. É de difícil compreensão para muitos; portanto, vamos expô-lo com ilustrações. O evangelho é a revelação de uma Pessoa; portanto, vamos pregar a Cristo”. Archibald Brown