Muitos nomes de super pastores existem, sobretudo de uns tempos a esta parte. Para muitos são exemplos a serem imitados por serem ricos, estão na mídia, possuem o dom da oratória, conseguem atrair público, são famosos.
Smith Wigglesworth, pouco antes de sua morte, sentado à mesa em sua pequena casa, com seu genro e companheiro de ministério, conferindo convites para pregar que chegaram de todo o mundo, por volta do ano 1945, aos 80 e poucos anos, cheio de saúde, completamente lúcido, começou a chorar copiosamente. Seu genro não entendeu o que estava acontecendo e perguntou-lhe porque ele chorava tanto, uma vez que ele deveria estar contente por receber tantos convites. A resposta de Smith Wigglesworth foi: – “estou chorando porque essas pessoas não querem ver a Jesus, mas querem ver a mim, já não sou mais necessário”. Poucos dias depois Wigglesworth partiu para o Senhor.
Quem lê a biografia desse homem de Deus que impactou a sua geração, vê nele um exemplo a ser imitado, exatamente como o Apóstolo Paulo. Apesar de toda a fama e do montante de ofertas que recebia, vivia uma vida muito simples, mas ajudava muitos missionários e ministérios e entendia que sua vida e seu ministério jamais deveriam ser o centro das atenções. Assim como Jesus dava toda a glória recebida a quem de direito, uma vez que o Senhor afirmou que Sua glória Ele não daria a mais ninguém.
Cada vez que acesso a internet e as redes sociais vejo mais e mais exemplos de super pastores e o que mais eu fico espantado é com a necessidade dos cristãos e até mesmo de muitos pastores em se espelharem nessas pessoas. Como fãs dos astros e estrelas da música e de filmes, esses cristãos alimentam o ego, a megalomania, a sede de poder e de riquezas desses homens. E o pior geralmente acontece: eles começam a achar que podem fazer o que querem sem prestar contas a quem quer que seja.
Assim como as pessoas do mundo tem necessidade de um ídolo, de um superastro, comprando, adquirindo, assistindo, ouvindo tudo o que diz respeito a esse astro assim também muitos evangélicos têm necessidade de um super pastor: alguém que os faça sentir bem, alguém que diga a eles o que querem ouvir e ao mesmo tempo trazendo animo e afirmando que os sonhos serão realizados, se eles conseguiram você também pode conseguir algo mais ou menos assim, sempre afirmando a necessidade de honra e excelência. Como Barack Obama que imortalizou sua frase: “Yes, we can” “Sim, nós podemos”, assim também esses super pastores criam os seus bordões e fazem com que os seus seguidores acreditem que todos os seus sonhos serão realizados – “Não desista, não pare de lutar, os sonhos de Deus jamais vão morrer…”.
O mais triste de tudo isso é que, ainda hoje, as pessoas estão atrás de mediadores entre Deus e os homens, pensando que o avivamento que tanto desejam vem por intermédio de A, B, ou C e que virá desse ou daquele lugar e assim pesquisam na internet, fazem viagens como verdadeiras procissões a “lugares santos” como Manaus no Brasil, ou na Guatemala, entre outros tantos lugares, sem contar as viagens a “Terra Santa”. Alimentam construções de mega catedrais, movimentam negócios de milhões e milhões de dólares, transformam a pregação do evangelho em fonte de lucro, e que lucro, isento de impostos e taxas.
Vamos deixar claro, dinheiro é estritamente necessário para a pregação do evangelho e quanto mais, melhor. Ninguém faz absolutamente nada sem dinheiro, nem tão pouco pregar o Evangelho. Tudo custa e muito: aluguéis de salas, equipamentos de som, salários, viagens, ajuda aos necessitados, treinamentos, equipamentos. Então dinheiro é necessário. Onde então está o erro? Transformar a pregação do Evangelho em negócio, é o que os super pastores fazem.
A superexposição, os exageros, os excessos fazem mal a qualquer pessoa, de um astro da música a uma estrela de TV. Quanto mais a um pastor, que em muitos casos começa sua vida ministerial com muitas dificuldades, chegando muitas vezes a passar necessidades. Essa exposição excessiva cria brechas, cria problemas no relacionamento conjugal, expões os filhos, expõe à intimidade do homem, qualquer erro passa a ter um peso excessivo e as consequências ficam ainda mais graves e os escândalos são inevitáveis.
O erro é deles, mas também é dos cristãos. Quando Wigglesworth viu que as pessoas não queriam ver Jesus e sim a ele, imediatamente percebeu que não era mais necessário. Falta isso nos super pastores, falta perceber que eles não são nada, nem são melhores do que alguém, simplesmente são vasos que no momento estão em honra, mas que isso não depende deles e sim Daquele que os criou e os chamou.
A beleza do Evangelho está na simplicidade. Os homens que mais deixaram impressão duradoura eram homens simples. Isso nada tem haver com conhecimento e formação e sim com ostentação. Jesus viveu com simplicidade, os apóstolos viveram com simplicidade. Pedro sendo apóstolo, recebendo juntamente com os outros apóstolos riquezas que vinham dos irmãos, afirmou juntamente com João que não tinha ouro nem prata diante de um pedinte, mas aquilo que tinham eles davam e ordenaram a cura daquele homem. As pessoas esperavam esse mesmo Pedro passar, para que ao menos a sua sombra os tocassem para serem curadas. No entanto não vemos um super apóstolo, vemos Pedro com toda sua simplicidade.
O grande problema está em que os cristãos e pastores perdem muito tempo a procura de homens quando deveriam estar à procura do Senhor, estando em Sua presença, orando, meditando tendo comunhão com Ele. Qualquer um que estiver diante do trono da graça sairá dali mostrando aos outros onde esteve e suas palavras não serão comuns, mas serão cheias de Espírito e Vida. Suas palavras serão fogo e o coração dos ouvintes como palha seca.
Procuram avivamento de onde ele não virá. Muitos desses avivamentos que se propagam por ai são mentirosos, são falsos. Mas as pessoas que vão atrás desses movimentos não se dão ao trabalho de atestar a veracidade de acordo com a Palavra de Deus.
Todos os dias vemos denúncias de super pastores se envolvendo em apostasia, heresia, traição, divórcio. Também com envolvimento em maçonaria, nova era, com seitas, envolvimento com o Rev. Moon, com os cavaleiros templários e por ai afora. Um caso que ficou famoso foi o falso avivamento de Lakeland com Todd Bentley (o Pr. João de Souza abordou sobre isso em seu site www.pastorjoao.com.br). Ele também abordou sobre os super apóstolos, e recomendo a leitura (https://www.pastorjoao.com.br/123/?p=2501)
Assim como falsos profetas, falsos super pastores, falsos avivamentos encontram tanta facilidade no meio evangélico, sinceramente não duvido que o anticristo tenha alguma dificuldade em enganar a muitos.
O avivamento, tão necessário, virá quando os cristãos e os homens de Deus se dispuserem a buscá-lo no lugar certo que é diante do trono de Deus. Quando pararem de perambular por ai a busca de pastores famosos, quando pararem de buscar modelos disso ou daquilo em livros de autores famosos que nem sabemos realmente quem são nem como vivem.
Como dizia um pastor português acerca do seu ministério: “as pessoas que participam apenas de nossas reuniões, ou de nossas conferencias, veem apenas a ponta do iceberg. Somente quando se tornam membros da igreja e fazem os cursos de formação é que irão conhecer mais da visão”. Mas a realidade é que somente as pessoas próximas a ele é que depois de algum tempo de convivência é que realmente puderam conhecer o seu caráter e as suas manias. É muito fácil se encantar com a beleza de um iceberg, mas aquela beleza esconde perigos e destruição. Aquilo que vemos é nada diante do que está sob a água. Assim são esses super-ministérios.
Comunhão, unidade, aprendermos uns com os outros é necessário, faz parte do Reino de Deus. Acima de tudo nossos olhos precisam estar postos em Jesus Cristo e a Ele devemos imitar sem reservas. Aos homens imitamos aqueles que imitam a Cristo, mas sempre com atenção para não sermos enganados com sofismas e sutilezas.
Moisés só existiu um e era uma figura de Jesus Cristo. Não necessitamos mais de Moisés em nossos dias. Necessitamos de Jesus Cristo. Também não necessitamos de super pastores, necessitamos de pastores, homens que como nós estão sujeitos a paixões, mas que oram e que se relacionam com Deus, que vivem com simplicidade. Homens que buscam o Senhor com todo o seu coração e que nos dão exemplos assim como os apóstolos nos deram e homens como Smith Wigglesworth, Charles Finney, John Wesley, Jonatham Edwards, e muitos outros.
A Ele seja a glória…
Este artigo deveria ser colocado num outdoor para todo povo evangélico desta nação ler com atenção, deve ser divulgado aos 4 cantos deste país e até mesmo do mundo! Atentai povo de Deus!